Os Desafios Da Gestão Escolar Democrática Frente Às Tecnologias Da Informação E Comunicação

RESUMO

O desafio da gestão escolar democrática frente às tecnologias da comunicação e informação é assunto de grande relevância no cenário atual. Acredita-se que na Atualidade seja inconcebível a presença de um gestor autoritário, que lidere sem a participação de toda a equipe envolvida no processo, assim como também não se pode pensar a escola sem as tecnologias que contribuem para que o processo torne-se cada vez mais dinâmico. Tem-se como premissa de que um bom gestor, além de saber ouvir os demais membros da equipe, precisa estar sempre atualizado com os avanços tecnológicos, a fim de consiga compreender melhor a realidade dos alunos que hoje frequentam as escolas. O presente texto, como objetivo geral, procura refletir acerca da dos desafios da gestão escolar nos dias atuais em que o avanço tecnológico é assustadoramente crescente e cada vez mais presente no espaço escolar. O método utilizado foi para a realização do presente estudo foi a pesquisa bibliográfica. Através desta pesquisa conclui-se que o papel do gestor na condução do processo educativo, aliado à inovação, é de fundamental importância para o sucesso do processo ensino-aprendizagem, tendo ele a incumbência de propiciar o acesso e a qualificação à comunidade escolar e, que, as tecnologias da informação e comunicação são indispensáveis no contexto escolar nos dias atuais.

Palavras-chave: Gestão escolar. Tecnologias. Desafios.

THE SCHOOL MANAGEMENT CHALLENGES DEMOCRATIC FRONT FOR INFORMATION TECHNOLOGY AND COMMUNICATION

Abstract

The challenge of democratic front school management to communication and information technologies is very relevant issue in the present scenario. It is believed that in Actuality is inconceivable the presence of an authoritarian manager, to lead without the participation of all staff involved in the process, as well as one cannot think school without the technologies that contribute to the process become each more dynamic. has as a premise that a good manager, and to listen to other team members, need to be up to date with technological advances in order to get a better understanding of the reality of the students who now attend schools. This text, as a general objective, seeks to reflect on the challenges of school management nowadays that technological advancement is increasing alarmingly and increasingly present at school. The method was used for the realization of this study was to literature. Through this research we conclude that the manager’s role in the conduct of the educational process, coupled with innovation, is of fundamental importance for the success of the teaching-learning process, and he tasked to provide access and qualification to the school community and, that information and communication technologies are indispensable in the school context today.

Keywords: School management. Technologies. Challenges.

1 INTRODUÇÃO

Vivemos atualmente numa sociedade que é chamada de “sociedade do conhecimento”, na qual os avanços, principalmente na área tecnológica, têm ocorrido com uma rapidez assustadora, inclusive na área educacional. Buscar compreender a função da escola na atualidade, bem como a dos integrantes da comunidade escolar, nos parece um assunto inesgotável de compreensões e elementos a serem entendidos.

Percebe-se que a escola de hoje não é mais a mesma de tempos remotos. Nesse contexto levanta-se como problema para a pesquisa: Qual a função do gestor na escola? Como a presença das tecnologias no dia a dia da escola pode influenciar na atuação do gestor democrático? Qual a importância da avaliação institucional para a atuação do gestor?

Tem-se como premissa de que o gestor escolar seja o principal articulador na construção de um ambiente democrático, participativo e tecnológico, constituindo-se assim num ambiente propício para melhor desenvolvimento do trabalho dos profissionais e, consequentemente, para o sucesso do processo educativo-pedagógico. No modelo de gestão almejado nos dias atuais, o gestor atua como mediador. Consciente de que a organização não se faz sozinha, ciente de que cada um de seus colaboradores é uma das peças chaves para o sucesso do grupo.

O pensamento que primeiro nos ocorre quando se fala em tecnologias são os computadores, internet, vídeos e softwares. Porém, na escola essa tecnologia pode ser ligada a todas as ferramentas e meios que utilizamos na tentativa de motivar a aprendizagem dos alunos.

O presente trabalho tem como objetivo geral refletir acerca da dos desafios da gestão democrática escolar nos dias atuais, em que o avanço tecnológico é assustadoramente crescente e cada vez mais presente no espaço escolar. O método utilizado para a realização do estudo foi a pesquisa bibliográfica, através da qual embasar-se-á acerca gestão escolar frente às novas tecnologias.

Ao longo do desenvolvimento deste artigo trataremos os seguintes aspectos, a importância do gestor na escola; a função do gestor frente às tecnologias da informação e da comunicação; a gestão inovadora na escola e o processo de gestão democrática; gestão escolar democrática e avaliação institucional.

Uma gestão democrática e atual possibilita que todos os seus colaboradores se posicionem frente às decisões e diretrizes a serem desenvolvidas, bem como a inclusão das novas tecnologias, na busca de um mesmo objetivo que é o de preparar os educandos para serem cidadãos ativos e conscientes de seu papel social.

2 A IMPORTÂNCIA DO GESTOR NA ESCOLA

Administrar pessoas nos dias atuais é um desafio, principalmente diante de tantos avanços acontecendo diariamente em todos os setores dessa sociedade do conhecimento, na qual o talento humano é visto como fator competitivo no mundo globalizado.

Nesse modelo de gestão, o gestor desempenha funções das mais diversas possíveis, buscando suprir as necessidades diárias da instituição. Para isso precisa estar atento às aparências para desvendar a essência do ambiente de trabalho, ambiente este muitas vezes dinâmico e contraditório. Precisa estar, portanto, ciente de que a gestão não se faz sozinha.

Segundo Freire apud Aguiar (1999, p. 115):

O educador ou o coordenador de um grupo é como um maestro que rege uma orquestra. Da coordenação sintonizada com cada diferente instrumento e o que cada um pode oferecer. A sintonia de cada um com o outro, a sintonia de cada um com o maestro, a sintonia do maestro com cada um e com todos é o que possibilita a execução da peça pedagógica. Essa é a arte de reger as diferenças, socializando os saberes individuais na construção do conhecimento generalizável e para a construção do processo democrático.

Faz-se, assim, necessária a total sintonia entre o gestor e sua equipe. Uma gestão eficiente é aquela em que o gestor está conectado com as qualidades e capacidades de cada um, levando em consideração os talentos e habilidades de cada um dos seus colaboradores para realizar uma gestão democrática e satisfatória. Nesse contexto, o talento humano é cada vez mais utilizado para realizar-se uma gestão de qualidade.

A pessoa que ocupa a posição de comando do grupo precisa buscar o equilíbrio necessário para um trabalho de qualidade. Precisa ainda basear suas ações no respeito às individualidades de cada um, conseguindo assim concentrar as diferenças e singularidades na busca do mesmo objetivo.

De acordo com Piaget (1994), o respeito pode ser estabelecido a partir da cooperação e da reciprocidade que as pessoas estabelecem entre si. Segundo ele, o respeito mútuo é precedido psicogeneticamente pelo respeito unilateral, e os indivíduos tendem a estabelecer esse tipo de relação quando cooperam com seus iguais ou quando seus superiores tendem a tornarem-se seus iguais.

Ainda, segundo Piaget, o respeito entre gestor e colaboradores é de extrema importância no ambiente de trabalho. É o respeito mútuo que garante a harmonia das relações interpessoais no ambiente de trabalho. Quando a autoridade cede lugar ao respeito consegue-se manter um clima de afetividade, desarmando até os espíritos mais agressivos.

Para Libâneo (2001, p. 148):

A escola é ainda a chance de acesso ao mundo do conhecimento, para fazer frente ao mundo da informação. Informação e conhecimento são termos que andam juntos, mas não se equivalem. O avanço tecnológico criou as novas tecnologias da comunicação e da informação, provocando uma reviravolta nos modos mais convencionais de educar e ensinar. Entretanto, a informação é um caminho de acesso ao conhecimento, é um instrumento de aquisição de conhecimento, mas, por si só, não propicia o saber. Ela precisa ser analisada, interpretada, retrabalhada, e isso é tarefa do trabalho com o conhecimento. É a apropriação do conhecimento, dos conceitos, das categorias que possibilita a leitura crítica da informação, caminho para a liberdade intelectual e política.

No modelo de gestão que se busca hoje, frente ao uso das novas tecnologias de comunicação e informação, o respeito mútuo e liberdade de expressão são peças chave. Deve-se levar em conta que a informação atualizada está muito presente, o tempo todo, com as novas tecnologias. Porém muito se tem a discutir para que a prática da escola conecte-se ao avanço tecnológico e torne-se efetiva em nosso cotidiano contribuindo para a ampliação de saberes e para a transformação social.

Ao falar de gestão de pessoas na educação há que se priorizar a construção de uma escola democrática e com qualidade social. Porém tais mudanças não ocorrem de forma rápida, pois consistem num processo histórico construído pela sociedade. Durante muito tempo a educação viveu apenas sob o domínio de um modelo alavancado em verdades prontas, em conhecimentos cristalizados e sem direito à participação da coletividade. Atualmente, para dar conta desse novo modelo organizacional e de otimização na escola é preciso passar por várias mudanças, inclusive de paradigmas.

Embora passe a escola por muitas crises, pelo fato mesmo de estar inserida em uma sociedade dividida em classes e sistemas desiguais econômica e socialmente, a escola não é uma casa à deriva nos sistemas. Sua administração e gestão dependem de algumas condições especificas internas à infra estruturação da escola, das demandas da sociedade globalizada, das pressões do mercado, do uso inteligente das novas tecnologias e de bibliotecas virtuais, das políticas públicas de educação, da formação e valorização do corpo docente, do perfil heterogêneo do alunato, da inclusão de outros atores, dos recursos humanos, da reformulação da segurança escolar e da arquitetura escolar nos centros urbanos, bairros e zona rural, dos projetos sociopedagógicos, dentre outros parceiros da sociedade civil. (PEREIRA, 2014, p. 8).

A escola é parte da sociedade, exercendo uma função contraditória: ao mesmo tempo em que é fator de manutenção, ela transforma a cultura, influência e é influenciada pela sociedade. Neste sentido, há que se destacar a importância da formação dos gestores das escolas, a fim de que adquiram conhecimentos pedagógicos para compreender o processo educacional, refletindo acerca da educação em todos seus aspectos éticos, políticos, sociais. O gestor deve, portanto, buscar a compreensão da autonomia fundada no respeito à diversidade, à riqueza das culturas e à procura da superação das marcantes desigualdades sociais, na partição e no envolvimento de todos. Entende-se, assim, que a gestão escolar, enquanto processo que precisa se renovar permanentemente, e enquanto instrumento na busca da mudança social deve estar voltada para a busca de fins exclusivamente educacionais, comprometendo-se com a sociedade na qual esteja inserida.

Um líder bem preparado, portanto, é aquele capaz de mudar uma realidade, incentivando e permitindo que os membros de sua equipe expressem ideias e sentimentos. O sucesso de uma equipe é influenciado pelo desempenho de diversos grupos que interagem entre si em sintonia com a equipe gestora. O gestor que é responsável pelos resultados da escola, deve lembrar-se de que, em todo o processo, apesar do avanço no uso das ferramentas de comunicação e informação, há pessoas, gente lidando com gente.

O princípio da gestão escolar democrática é o de substituir o paradigma autoritário pelo democrático, dando oportunidade para as pessoas “liberarem” seus potenciais ocultos, possibilitando o uso de seus talentos e criatividade para auxiliar na resolução de problemas da instituição, promovendo um trabalho participativo e descentralizado. Nesse contexto, a participação de cada um é fundamental e o reconhecimento de suas ideias independe da posição hierárquica.

2.1 A FUNÇÃO DO GESTOR FRENTE ÀS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO

Silva (2009) nos diz que as rápidas mudanças que vêm acontecendo em termos globais exigem de qualquer gestor um perfil aberto a novas ideias e de valorização aos saberes de cada membro da equipe para contar com a participação de todos e construir uma gestão emancipatória. Isso se torna fundamental na formação de jovens cidadãos. O gestor educacional precisa ter visão de conjunto, articulando e integrando campos, vislumbrando resultados para a instituição educacional, que podem ser obtidos se embasados em um bom planejamento, alinhando com comportamento otimista e de autoconfiança, com intenções bem definidas.

Conforme nos aponta Libâneo (2004, p. 217):

Muitos dirigentes escolares foram alvos de críticas por práticas burocráticas, conservadoras, autoritárias, centralizadoras. Embora aqui e ali continuem existindo profissionais com esse perfil, hoje estão disseminadas práticas de gestão participativa, liderança participativa, atitudes flexíveis e compromisso com as necessárias mudanças na educação.

Na atual forma de gestão há a necessidade de flexibilidade nas ações do gestor, respeitando as diferenças, pesquisando, avaliando, dialogando, cedendo, ouvindo e acima de tudo abrigando opiniões da comunidade escolar. O grande desafio da escola, atualmente, está ligado ao conhecimento, o qual é fortemente potencializado pelo avanço das tecnologias, não cabendo mais a visão de algo pronto e acabado. O gestor como dirigente da equipe escolar precisa, ainda, estimular tanto os professores quanto os educandos a buscar novas formas e meios, na expectativa de transformar as informações disponíveis em conhecimentos, construindo seus próprios conceitos e se apropriando de novos conhecimentos.

Para Silva (2009), certas características como autoridade, responsabilidade, decisão, disciplina e iniciativa estão estreitamente relacionadas com o papel da equipe gestora da escola. Tais características objetivam a construção de um ambiente de aprendizagem envolvente, que promova com prazer o crescimento, assim, a gestão da escola não pode ser um espaço onde alguém manda e alguém obedece, e sim ser um local em que todos aprendem conjuntamente.

Foi-se o tempo em que a biblioteca era o único meio que oportunizava ao aluno o acesso ao conhecimento, e hoje são muitas as formas de se ter acesso a ele. E a escola por estar situada nesse contexto social mediatizado pelas TICs não pode ficar a margem desse processo. Esta redefinição da escola e dos sujeitos que dela fazem parte se faz necessária, uma vez que precisamos ter conhecimento delas e usá-las com intuito de melhorar o ensino, o que pressupõe uma nova organização que possa dá espaço a inserção e utilização das TICs nas escolas. (SOARES et al, 2010).

O gestor escolar é, nesse processo, figura imprescindível, contudo não cabe apenas a ele a responsabilidade de fazer essa reorganização da escola. Partindo das considerações acerca do modelo atual de gestão que é a gestão democrática, baseado no compartilhamento das tarefas, no trabalho em equipe, onde se valoriza a participação de todos, sobretudo no que abrange as tomadas de decisões, é que se tem uma gestão verdadeiramente democrática.

Almeida e Alonso (2007, p. 30) sugerem que:

[…] o mundo mudou, as pessoas vivem em outra época e as escolas precisam estar atentas para isso. Portanto, o gestor tem o papel fundamental de propor novas formas de organizar o trabalho escolar, tornando esse ambiente o mais próximo possível dessa realidade. Para tanto, ele precisa estar preparado para encarar os desafios que se impõem à educação e à própria escola.

A competência e a qualidade de um gestor escolar estão na capacidade e na agilidade em tomar as decisões certas na hora certa. De acordo com Silva (2009, p. 87):

Dialogar, ouvir, coordenar, respeitar o próximo, ter boa expressão, manter sempre metas são características fundamentais para o perfil do gestor, cada instituição tem a sua própria característica e cada gestor tem a sua própria personalidade, sua história de vida e também suas experiências profissionais que acabam por influenciar na hora da decisão.

Entretanto essas características são aprimoradas pelo gestor durante sua caminhada profissional, a partir de suas vivências. Ainda, para Silva (2009, p. 73), “São essas mesmas características essenciais que vão delineando as funções da instituição, bem como o planejamento, a estrutura organizacional, o trabalho em conjunto, as decisões que serão tomadas e tantas outras a serem realizadas”.

O gestor escolar deve ser um profissional, que, segundo Ornellas (1997, p. 42), “entenda das questões educacionais, do currículo, da didática, da estrutura e do funcionamento do ensino, enfim aquele que compreenda as funções da escola em suas múltiplas dimensões e relação com a sociedade”. Nesse contexto, o gestor precisa reunir certas características que lhe permitam liderar, agrupar esforços, motivar a equipe para a prática cotidiana. E, estando seguro das suas ações, conseguirá exercer sua liderança sem precisar impor-se, ou mostrar quem é o chefe e o comandado, ou de mostrar a todos o seu status, de modo arrogante.

Segundo Libâneo (2004, apud AMÊNDOLA et al, 2010, p. 3): “Ao diretor de uma instituição cabe supervisionar atividades administrativas e pedagógicas, promover a integração entre escola e comunidade; conhecer a legislação educacional, buscar meios que favoreçam sua equipe, dentre outras”. No contexto das novas tecnologias é importante estar em formação constante, ou seja, buscar aprimoramento e amadurecimento, criando dessa maneira uma bagagem de experiências enriquecida e que partilhada com os pares favorecem o crescimento e o sucesso do processo educacional. (AMÊNDOLA et al, 2010, p. 3)

2.2 GESTÃO INOVADORA NA ESCOLA

A rapidez das transformações ocorridas na sociedade em todos os âmbitos gera medo e resistência a muitos dos envolvidos no processo educacional. Ao gestor escolar compete o encargo de facilitar a superação desse processo de transformações/medo/resistência para que sejam superados, e de maneira construtiva, pois transformações devem ser feitas com inovação para que os resultados obtidos sejam satisfatórios. Dessa forma, “é importante que o gestor escolar conheça sua equipe e saiba o nível de interesse profissional e de comprometimento que seus membros têm para com a instituição” (SILVA, 2009, p. 9).

De acordo com Silva (2009, p. 9):

Toda equipe escolar tem funções determinadas, mas no mundo educacional é necessário mais do que cumprir as suas atividades e tarefas rotineiras, pois todos são educadores e devem ter como objetivo a promoção de uma educação emancipatória e de qualidade.

Contudo, ao se falar em educação de qualidade, remete-se a essa educação uma série de características. “A qualidade, então, não seria um atributo, uma propriedade, mas consistiria num conjunto de atributos, de propriedades que caracterizariam a boa educação”. (RIOS, 2001, p. 68-69).

Na ótica neoliberal, qualidade da educação tem significado o provimento das condições para que os indivíduos sejam preparados para o enfrentamento da competitividade internacional. Para isso, há o investimento nos processos de gestão do sistema e das escolas através de novos padrões de gerenciamento (novas práticas administrativas, uso da informática, aferição de resultados da aprendizagem, compatibilidade entre o processo de trabalho na escola e os novos padrões de produção e consumo (mercado), autonomia das unidades escolares etc.). (LIBÂNEO, 2001, p. 18).

Neste contexto, para conseguir atingir a mudança nas organizações educativas é preciso investir na inovação. E, acredita-se, é por meio da gestão participativa aliada às tecnologias de comunicação e informação que se conseguirá apreender a mudança de atitude dos profissionais que atuam na escola tendo em vista atingir as metas estabelecidas, buscando a construção da identidade da escola e a valorização dos profissionais que nela atuam.

Acredita-se que um bom gestor consiga mudar uma escola, juntamente com uma equipe gestora motivada, guiada por objetivos claros, compartilhados com professores, pais e alunos, onde todos trabalham em conjunto, um ajudando o outro para que haja um desenvolvimento e a construção da identidade da escola.

Uma gestão inovadora deve, portanto, motivar o trabalho na instituição. As ações devem ser organizadas com base na situação real que expressem os objetivos estabelecidos e que considerem as condições tanto físicas da escola, material e metodologias utilizadas pelos professores, acesso às tecnologias, possibilidades de formação dos professores (inicial e continuada), para que se possam superar as dificuldades existentes visando à qualidade do processo de ensino-aprendizagem.

Educação de qualidade é aquela em que a escola promove para todos, o domínio de conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas necessários ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos, à inserção no mundo do trabalho, à constituição da cidadania (inclusive como poder de participação), tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. (LIBÂNEO, 2001, p. 153).

A gestão inovadora na educação é aquela capaz de elaborar e executar um projeto pedagógico de forma articulada, com uma proposta educacional compatível com as muitas necessidades sociais. Ao se conseguir isto é possível falar sobre qualidade educacional, a partir da qual cada um pode desenvolver-se de acordo com suas individualidades tendo acesso garantido ao conhecimento, constituindo-se como sujeito de valores e direitos.

2.3 O PROCESSO DE GESTÃO DEMOCRÁTICA

Alguns princípios básicos devem ser seguidos, para que desta forma aconteça uma gestão democrática. Com base na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 20 de dezembro de 1996:

Art. 14 – Os sistemas definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto político pedagógico da escola.
II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, LDB, 1996)

A gestão democrática é uma gestão de autoridade compartilhada. Portanto, para que efetivamente aconteça no espaço escolar é preciso conciliar democracia, liderança, autoridade, confiança e competência, na tentativa de administrar o trabalho de coordenação de tal forma que ele contemple as expectativas advindas dos vários segmentos da escola. Para tanto, é preciso ter como eixo central, o comprometimento profissional calcado na ética e na confiança que é depositado na instituição escolar.

De acordo com Cury (2002, p. 168) “A gestão democrática da educação é, ao mesmo tempo, transparência e impessoalidade, autonomia e participação, liderança e trabalho coletivo, representatividade e competência”.

Nesse sentido, segundo Cury (2002, p. 4):

Cabe às comunidades educacionais, lideradas por seus gestores, aos docentes atuantes no exercício do magistério e às associações docentes dos sistemas de ensino, ampliar a consciência do grande valor desse princípio. Com a formação de uma consciência aberta à gestão democrática será possível que a educação, avance como instituição aberta para a representatividade e participação, voltada para um processo mais rico de ensino/aprendizagem que faça acontecer uma educação formadora da cidadania.

Uma gestão pode ser definida como democrática quando o gestor permite que os integrantes da comunidade escolar opinem sobre as questões da escola, dando sugestões ou participando das deliberações. Surgem daí inúmeros desafios a serem ultrapassados para que a democratização do sistema de educação brasileiro seja alcançada com a desconstrução de desigualdades, de discriminações, de posturas autoritárias e a construção de um espaço de criação de igualdade de oportunidades e de tratamento igualitário de cidadãos entre si.

2.4 GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA E AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

No processo de gestão escolar baseado na gestão democrática, é indispensável que a equipe trabalhe na busca de consolidar as propostas do Projeto Político-Pedagógico da escola e, nesse sentido a avaliação institucional revela uma postura dinâmica de avaliar, determinar e sugerir, nas relações de construção, articulação e integração dos diversos níveis, áreas e dimensões institucionais. “Ela adensa os processos comunicativos e as relações de trabalho, reforça, articula e intervém”. (BALZAN; SOBRINHO, 2000, p. 64).

Através da avaliação institucional é possível a determinação de objetivos e metas no procedimento de avanços da educação. Avaliar incide em examinar, constatar pontos que necessitam de aprimoramento, deixando de lado certas versões, observando-se novos aspectos.

… gostaria de enfatizar que o assunto “avaliação” é sabiamente complexo e que não há pronto para o consumo, um modelo ideal e único para o país. Creio que é inútil procurá-lo. Ele precisa ser por nós construídos. (BALZAN; SOBRINHO, 2000, p. 51).

De acordo com a realidade de cada instituição o gestor escolar deve manter sempre o foco de avaliar, melhorar e construir, considerando-se que, as instituições são umas diferentes das outras com pontos de vista, metas, projetos e compromissos diferentes. Nesse sentido, cabe ao gestor buscar sempre aquilo que há de melhor para a instituição.

A avaliação é a saída do estado cômodo, pois permite a elaboração de propostas de ações e estabelecimento de metas que resultem em melhorias, em resultados capazes de elevar os educandos, os educadores, enfim, a comunidade que se envolveu com a instituição. A consecução e validação das propostas sugeridas na avaliação estão baseadas na articulação direta de seus componentes, a fim de que todos interligados remetam o processo ensino/aprendizagem a um mesmo fim, que impulsione os desejos da escola que se busca construir.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitas são as potencialidades das TICs no cotidiano da escola. Sobretudo com o advento da internet, a escola expande-se para novas relações com o conhecimento, oportunizando a comunicação compartilhada e a troca de informações com outros espaços do conhecimento com interesses afins. Transversalmente, potencializa-se a gestão escolar e gera mudanças substanciais no interior da escola, tanto com relação ao ensino-aprendizagem como com relação à gestão participativa que podem se desenvolver em um processo colaborativo com a comunidade escolar.

Todavia, as tecnologias por si só, não determinam mudanças, mas as motivam. E isso pode acontecer por intermédio da sua inserção no cotidiano da escola, o que exige a ação contextualizada de todos os profissionais envolvidos, buscando aprimoramento necessário para que sejam capazes de identificar os problemas e as necessidades institucionais, relacionadas à implantação e uso das mesmas.

Um gestor escolar comprometido com esta, que deveria ser a verdadeira missão da escola, formar cidadãos conscientes e participativos das decisões sociais, é um gestor que possibilita a exposição de ideias e opiniões favoráveis ao aprimoramento. Dando espaço para a discussão e o debate, a busca e a análise e a prática de atitudes inovadoras e capazes de transformar a realidade.

Para que a gestão democrática realmente aconteça nas escolas, seria preciso abolir a ideia de autoritarismo da instituição: a ideia de autoritarismo hierárquico que o cargo de diretor escolar culturalmente carrega consigo e que ainda é extremamente forte. O poder de decisão deveria ser de todos os segmentos da escola que tem um representante eleito pela comunidade escolar com a função de representar a escola perante os órgãos oficiais e assinar documentos.

Esse enfoque democrático do papel do gestor escolar cria condições para que todos os segmentos da escola participem democraticamente da tomada de decisões no que diz respeito ao destino da escola e de sua administração. A implementação da gestão democrática na escola é uma das maneiras de levar a verdadeira democracia para toda a sociedade.

REFERÊNCIAS

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AMÊNDOLA, M. R; GONÇALVES, M. N. S; CORDEIRO, R. das G. da S; DINIZ, T. E. F; COSTA, V. C. C. Gestão participativa no contexto escolar. Artigo. Universidade gama Filho. Manaus/AM, 2010.

BALZAN, N. C; SOBRINHO, J. D. Avaliação institucional: teorias e experiências. São Paulo: Cortez, 2000.

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LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos. Educar, Curitiba, n. 17, p. 153-176. 2001. Editora da UFPR , 2001.

LIBÂNEO, J. C. Organização e Gestão da escola: teoria e prática. 5 ed. Goiania, GO: Alternativa, 2004.

ORNELLAS, A. P. B. Direção escolar: novos enfoques. In: CASTRO, M. L. S.; WERLE, F. O. C. et al. Sistemas e instituições: repensando a teoria na prática / XVIII Simpósio Brasileiro de Política e Administração: Anais – vol 1, Porto Alegre: EDIPUCRGS, 1997.

PEREIRA, J. J. B. O desafio da escola democrática na era das novas tecnologias. Como educar no contexto da globalização? Ed. Novas edições acadêmicas, 2014.

Piaget, J. (1994). O juízo moral na criança. 2 ed. (E. Lenardon, trad.). São Paulo: Summus. (Original publicado em 1932).

RIOS, T. Compreender e ensinar. Por uma docência da melhor qualidade. São Paulo: Cortez, 2001. SILVA, E. P. A importância do Gestor educacional na Instituição Escolar. Revista Conteúdo, v.l, n.2. jul./dez. Capivari, 2009.

SOARES, A. R. F.; FERNANDES, J. L.; SILVA, C. A. O uso das tecnologias na gestão escolar: um estudo sobre o trabalho do supervisor. 2010. Disponível em <http://editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Trabalho_Comunicacao_oral_idinscrito_814_6c6c41dc0d8669148d853478b21597e4.pdf> Acesso em 15 dez. 2015.
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